Hidrelétricas: repotenciação pode elevar ganho de capacidade 1z2d3b


Instalação de novas turbinas em hidrelétricas demanda investimento menor e dispensa complexos processos de aprovação. e504z

A repotenciação de hidrelétricas e a ampliação do conjunto de turbinas naquelas em que o projeto original permite esse acréscimo, sem exigir grandes obras, são as alternativas mais viáveis para aumentar a capacidade de geração elétrica pela força das águas no país, segundo especialistas no setor. “Há uma clara preferência pela
instalação de usinas solares e eólicas, que são mais baratas e ficam prontas em um ano, enquanto as hidrelétricas enfrentam restrições ambientais cada vez maiores e levam até dez anos para entrar em operação”, nota Rubens Brandt, CEO do grupo Energia, consultoria dedicada ao setor energético, com mais de 1,2 mil projetos no currículo.

De fato, desde 2019, quando Belo Monte, no Pará, foi concluída após um penoso processo de negociação com as populações ribeirinhas do rio Xingu, que envolveu indenizações, compensações e redução de boa parte do potencial da usina, nenhum novo projeto de hidrelétrica de porte médio ou grande avançou no país.

Naquele mesmo ano, um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, também revelava que o Brasil investia menos na modernização de suas usinas do que os demais países com grandes parques hidrelétricos – somos o terceiro na lista de maiores, só atrás da China e dos Estados Unidos. “Poucos concessionários demonstraram interesse prático em recapacitar suas unidades geradoras, o que é compreensível, visto que o montante energético adicional auferível nem sempre justifica o investimento”, afirmava o relatório. Das usinas pesquisadas, 51 eram “íveis de repotenciação”, somando 49.973 MW de geração – quase metade da capacidade hidrelétrica da época, de 107.768 MW, praticamente a mesma de hoje.

A repotenciação de usinas se refere à modernização de equipamentos, com a troca de máquinas desgastadas por novas, o que sempre leva a um aumento de potência que pode variar de 5% a 20%, de acordo com a EPE. “Os maiores ganhos, porém, vêm com a ampliação das usinas, que se dá com a incorporação de novas turbinas. Por isso, estamos organizando um leilão de reserva de capacidade de hidrelétricas e termelétricas”, afirma Bernardo Folly de Aguiar, superintendente de geração de energia da EPE.

O leilão, que já tinha data marcada – seria em 27 de junho –, foi suspenso no início de abril em razão de “disputa judicial entre os grupos envolvidos”, mas deverá ser realizado ainda neste ano, segundo o Ministério de Minas e Energia. Estavam cadastradas para o leilão 12 hidrelétricas, prometendo a adição de 5.476 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN), energia equivalente a 40% da potência instalada de Itaipu. A própria Itaipu, aliás, é o melhor exemplo de projeto que levou anos para atingir a capacidade planejada: inaugurada em 1984, só instalou as suas últimas duas turbinas, de um conjunto de 20 previstas, em 2007.

Além de ser um processo bem mais simples do que a construção de uma nova hidrelétrica, a ampliação da potência de usinas em atividade exige um investimento muito menor. “O custo médio no aumento da capacidade de geração, com a inclusão de novas turbinas, é da ordem de R$ 1,5 milhão/MW, enquanto numa usina nova o investimento não sai por menos de R$ 8 milhões/MW”, estima Brandt. “É um valor competitivo mesmo em relação a usinas solares e eólicas, cujo custo por megawatt é de R$ 3 milhões, no mínimo”, acrescenta.

Vale lembrar ainda que solares e eólicas não têm só vantagens, pois são incapazes de gerar energia justamente quando a população mais precisa dela, que é no início da noite, entre 18 e 22 horas. “Além de não haver mais luz solar nesse horário, os ventos são mais brandos e só vão ganhar força de madrugada”, nota Roberto Brandão, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ou seja: quem dá sustentação ao SIN no horário de maior consumo de energia são as hidrelétricas e termelétricas.

Por serem de instalação mais fácil do que as hidrelétricas, as termelétricas têm ganhado ultimamente um protagonismo que não combina com a tradição brasileira de ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. No mesmo dia do leilão de reserva de capacidade de hidrelétricas, por exemplo, haveria outro envolvendo
315 termelétricas, novas ou já existentes, capazes de proporcionar, teoricamente, um aumento de capacidade de 68.597 MW nos próximos cinco anos. “As usinas de pequeno porte, que geram até 30 MW sem provocar grandes impactos ambientais, poderiam perfeitamente cumprir o papel das termelétricas com custo de geração bem menor e mais sustentabilidade”, reclama Alessandra Torres, presidente da Abrapch, a associação que representa as pequenas hidrelétricas.

Imagem e Conteúdo por Valor Econômico Setorial – ENERGIA.
https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/revista-energia/noticia/2025/05/30/hidreletricas-repotenciacao-pode-elevar-ganho-de-capacidade.ghtml

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